Pov. Edward.
Tique-taque...
Tique-taque... Tique-taque... Os ponteiros do relógio fazia esse maldito
barulho a cada segundo que passava. Eu andava pelo lado de fora da sala de
parto enquanto minha esposa estava lá dentro em um trabalho de parto
complicado, onde Jacob, o obstetra de plantão, me expulsou da sala quando as
coisas fugiram do controle. Meus pais estavam na sala de espera com a Madison,
Mackenzie e Melanie. O parto estava todo programado para ocorrer em duas
semanas, sem complicações e coisas do tipo, mas após uma queda de Tanya, que
havia escorregado no tapete ao lado da cama no meio da madrugada, todos os
planos de um parto simples foram por água a baixo.
As horas passaram e nenhuma
noticia, eu havia entrado junto, e minha roupa ainda estava com um pouco de
sangue, eu estava nervoso demais para trocar de roupa ou ir falar com a minha
família. Finalmente Jacob saiu e eu via que sua expressão não estava nada boa.
- O que foi? –
- Fizemos o máximo que
conseguimos e... –
- O que aconteceu? –
- O bebê está bem, estão
fazendo os exames, mas pelo que pude ver ela está bem. –
- Jacob... Tanya? –
- Não conseguimos salvá-la. –
ele disse do modo frio de um médico, eu conhecia muito bem esse modo. – Assim
que você saiu ela pediu para que salvássemos o bebé. Tentei, melhor dizendo,
tentamos fazer o possível para salvar os dois, mas ela perdeu muito sangue e
não conseguimos fazer nada. –
- Minha esposa está morta? –
perguntei entre os dentes.
- Sim. – disse calmo. Sem
pensar, apenas agindo, peguei Jacob pelo colarinho e o prensei contra a parede.
- E você não pode fazer nada
ou não quis fazer nada? –
- Por que acha isso? –
- Porque você amava a Tanya,
mas ela te largou para ficar comigo e... -
- Edward, não é só porque eu
não gosto de você que eu deixaria alguma pessoa morrer. – ele empurrou minhas
mãos. – Meu problema com você é pessoal, e dentro desse hospital, eu sou
profissional. – ele se afastou de mim e virou as costas. – E como você mesmo
disse, eu amava a Tanya, e esse foi o maior motivo para eu ter feito o possível
e o impossível para tentar salvá-la. – pensei que ele fosse embora para ele se
virou e terminou. – É uma menina, Tanya pediu que a batizasse de Margaret, ela
é linda, cabelo ralo e meio arruivado e olhos azuis escuros. Ela vai estar no
berçário daqui a pouco. Se quiser entrar e se despedir da Tanya, sinta-se a
vontade. Você tem cinco minutos. – ele terminou de dizer e saiu.
Respirei fundo e entrei na
sala de parto. A mesa de parto ainda estava no meio da sala, e minha esposa,
morta em cima da mesma, ela estava coberta pelo lençol branco, mas o mesmo já
estava todo ensanguentado, e o chão também. Aproximei-me da mesa, devagar, e
parei ao lado dela, tirando o pano de cima de sua cabeça. Tanya estava pálida,
mas seus lábios ainda estavam um pouco avermelhados, bem pouco mesmo. Dei um
beijo na testa dela enquanto sentia lagrimas quentes escorrem dos meus olhos,
ela havia sido a única mulher a qual eu havia realmente amado em toda a minha
vida.
Agora, de hoje em diante, eu
só iria me dedicar ao meu trabalho e as minhas filhas, provavelmente não teria
espaço em meu coração para outra mulher novamente, e eu não queria que outra
ocupasse o lugar de Tanya, que havia partido muito cedo. Cobri novamente a
cabeça dela e respirei fundo, um pigarro atraiu minha atenção e eu olhei para a
porta, onde uma enfermeira, bem nova, provavelmente uma das residentes que
estavam no grupo de Jacob, estava, me olhando meio temerosa.
- Sim? – perguntei.
- Com licença, Dr. Cullen,
mas o Dr. Black pediu para avisar que o bebê já foi para o berçário, e passa
bem, mas terá que ficar em observação por algum tempo, e a sua mãe está
procurando pelo senhor. O que eu faço? –
- Diga apenas que já vou.
Não conte a ela o que aconteceu ainda, nem a ela e nem a ninguém, entendeu? –
ela assentiu. – Quero ver minha filha primeiro. – falei e saí da sala, deixando
a enfermeira parada na porta.
Acordei
com o barulho estranho, que eu não sabia se era no meu pesadelo ou do lado de
fora de onde eu estava, abri os olhos e eu estava em uma das áreas de descanso
para médicos no hospital. Eu ainda estava um pouco lerdo devido a poucas horas
de sono, me sentei na cama e cocei os
olhos.
-
Ér... Senhor Cullen. – ouvir alguém me chamar, eu olhei para a porta e vi que,
Mike Newton, um dos residentes do meu grupo me olhava assustado.
-
O que quer? –
-
Desculpe te acordar, senhor, eu sei que pediu para não fazermos isso a menos
que... –
-
Você já me acordou, Newton, fala de uma vez. –
-
Tem uma paciente para o senhor. – me levantei imediatamente da cama, ele estava
realmente enrolando para falar comigo enquanto algum paciente precisava de mim?
–
-
Onde está? –
-
Emergência. – sai do quarto e praticamente corri para a emergência. Na
emergência uma pequena menina, estava deitada em uma cama tendo sintomas de
convulsão.
-
Quem é ela? –
-
Molly Frazier, 10 anos. Sofreu um acidente de carro, na rodovia 90. Estava no
carro com a mãe, e bateu a cabeça com muita força no banco da frente, fora isso
está bem. – Mike ia falando enquanto eu colocava as luvas, vi que Jessica,
Alice e Tyler, já estavam ali.
-
Virem ela devagar. – ordenei ao Tyler e Mike. - Jessica, sete miligramas de
diazepam. Alice, oxigênio. – Jessica entregou me entregou a seringa com o
diazepam e eu tentei injetar, mas Mike e Tyler não a seguravam direito. –
Segurem-na direito. – rosnei. – Pelo amor de Deus, ela é uma criança,
segurem-na direito. – rosnei de novo, os dois não conseguiam segurar a pequena
direito, como assim? – Jessica coloque o soro e não deixe o sangue coagular. –
por fim consegui aplicar o medicamento e ela parou de convulsionar e verifiquei
se Jessica havia regulado o soro direito. Conforme ela foi se acalmando e
entrando na inconsciência, eu pude respirar mais aliviado. Olhei para ela, ela
tinha mais ou menos a idade de Maddie, eu nunca havia cuidado de uma criança
assim tão nova. – Rápido, eu quero todos os exames na minha mesa até o final do
dia, tomografia, hemograma, bioquímica, toxicológico. Alice cuide da paciente,
Jessica resolva os exames e Mike, faça algo que preste e a examine. – falei
quando meu Pager apitou. Eu tinha que correr para o quarto 357, para ver uma
paciente que eu operei ontem. – E Tyler, já que você não consegue nem segurar
uma menina de dez anos, vá cuidar dos toques retais. –
Falei
e segui para o quarto da paciente. E assim terminou as minhas 48 horas de
plantão, a pequena Molly iria ficar bem, sem sequelas, deixei o hospital e
segui para a casa, eu estava morto de cansaço, só queria poder deitar na minha
cama e dormir, mas sabia que não seria tão fácil assim, principalmente quando
se tem quatro meninas em casa. Estacionei o carro na garagem, realmente
esperando que não me ligassem mais hoje do hospital e entrei.
-
Papai. – Maddie e Mel vieram correndo da sala, eram 10 horas da manhã de um
sábado de sol, lindo e eu já sabia o que elas queriam.
-
Oi meus amores. – me abaixei, pegando as duas no colo e caminhando para a sala.
– Cadê Kenzie e Maggie? –
-
Kenzie tá tomando banho e a Maggie dormindo, e a tia Kebi tá lá em cima com
ela. - Mel disse e olhou para a irmã e mexeu a cabeça na minha direção.
-
Papai... – Maddie começou.
-
O que querem? – perguntei logo antes que elas viessem com Papai, o senhor sabe que nós amamos você.
-
Vamos aos Pooch Park? –
-
Onde é isso, o que é isso? E quanto vai me custar? –
-
Em Skokie, um parque para cães e é de graça. –
-
É pai... – Mel começou. – Vamos levar a Amy, Andie, Billy e Lucky lá. –
-
Quando? –
-
Depois do almoço. – elas falaram.
-
Tudo bem. Papai vai tirar um cochilo rapidinho e na hora do almoço vocês me
acordam, tudo bem? –
-
Tá papai. – deixei as duas no sofá da sala e subi para o quarto no mesmo
momento que Kebi vinha com Maggie. Dei um beijo na pequena e segui para o meu
quarto. Tomei um banho morno e caí na cama, em dois segundos eu já tinha
apagado.
(...)
-
Papai... Papai... PAPAI. – dei um pulo da cama e vi que era a Maddie me
acordando.
-
Fala amor. –
-
O almoço está pronto. – olhei para ela e vi que ela estava de roupão e com uma
toalha na cabeça.
-
Por que está assim? –
-
Estava tomando banho para irmos ao parque. – Parque? Ah é! Lembrei-me de que havia
prometido leva-las ao parque.
-
Vai se vestir então que o papai está descendo. – ela assentiu e eu me levantei.
Eu
havia dormido menos de duas horas, mas mesmo assim eu tomei um banho e desci
para a cozinha. Nós comemos e não demorou muito e já estávamos prontos e com os
brinquedos dos cachorros. Maddie veio segurando a Andie, um chow-chow branco,
com algumas manchas na cara, nas patas e no rabo cor de caramelo, Maddie usava
uma saia rosa clara, com um laço na cintura, uma blusa branca com o desenho de
uma bicicleta, sapatilha cor de pele e tinha o cabelo preso em rabo de cavalo
com um laço rosa. Mel, que usava uma blusa branca com bolinha pretas e uma
jardineira jeans, e all star rosa veio sendo praticamente puxada por Amy um
Husky Siberiano preto, com a barriga e as patas brancas, além da cara, e por
Lucky, outro Husky Siberiano, esse todo branco, manchado de cinza e algumas
partes pretas, Kenzie, usava um short jeans escuro e uma blusa branca e
rasteirinhas vinha pulando com Billy ao seu lado, Billy era nosso outro
chow-chow, caramelo claro com algumas manchas brancas. Por ultimo veio Maggie,
com um vestidinho azul claro com pequenas flores, sandálias também azuis e o
cabelo solto com um laço branco nele.
(Lucky)
(Maggie)
Seguimos
para a garagem e entramos na mini van, eu não
era fã da mini van, mas era bom para levar as meninas para algum lugar e os
cachorros também. A mini van cabiam oito pessoas, Maddie como era a mais velha,
ia ao banco do carona ao meu lado, com o cinto bem posto, obvio, e Kenzie e Mel
no banco de trás e Maggie na cadeirinha. Eu abaixei os três últimos bancos,
aumentando o tamanho do porta-malas para caber os cães, depois de todo mundo
direito no carro, entrei no banco do motorista, e saí de casa ao mesmo momento
que Kebi voltava para a casa dela. O parque ficava a vinte minutos de casa, o
caminho foi rápido e tranquilo. As crianças ficaram quietas e os cães também.
Parei o carro no estacionamento próximo e descemos do carro, com Maggie no meu
colo e me sentei em um banco embaixo de uma arvore enquanto via as quatro brincando
com os cachorros, elas corriam, jogavam bolinhas e frisbee...
No
parque tinha vários cachorros, de vários tamanhos, cores e raças, de pequinês a
pastor alemão, chihuahua a pitbull. O parque era enorme, com vários bebedouros
para cachorro, alguns túneis, escorregas, piscinas rasas e sei lá mais o que.
Eu brinquei um pouco com elas e com os cães, mas não foi muito, eu estava
cansado, 48 horas de plantão e poucas horas de sono. Graças a Deus eu teria
dois dias de folga, então eu poderia dormir até tarde, isso se não me chamassem
no hospital ou se as meninas não inventassem de fazer nada. Seria ruim da minha
parte se eu pedir para chover, e chover muito amanhã?
Quando
começou a escurecer voltamos para o carro e para a casa, enquanto elas foram
tomar banho, pedi duas pizzas, uma de calabresa e outra portuguesa, fui dar
banho na Maggie e tomar um banho. Depois de todo mundo de banho tomado e de
pijama, ficamos na sala vendo tv, melhor dizendo, vendo filme da Disney, eu
agora vivia de filme da Disney, o dessa vez era O Rei Leão, pelo menos o filme era legalzinho, um dos meus
favoritos quando criança e as músicas eram legais, me lembrava de quase todas.
Os cachorros estavam perto de nós, em um sofá cama, que eu comprei para eles,
eram três, que eu pedi para customizar e transformar em um gigante para caber
os quatro, e coube.
As
pizzas chegaram, coloquei-as em cima do pequeno pufe, que servia de mesa de
centro, e dei um pedaço para cada uma e começamos a ver O Rei Leão 2 enquanto comíamos. O filme terminou, levei as meninas
para o andar de cima, depois de elas terem escovado os dentes e de eu ter
ajudado a Maggie, as coloquei em suas camas e desci de novo, limpei a sala,
lavei a louça e coloquei as caixas, papeis no lixo, e sentei-me no sofá para
ver o jornal, pus os pés em cima do pufe, que há pouco tempo era usado como
mesa e passei a prestar atenção no jornal, pelo menos por pouco tempo e eu
rezei com todas as forças para que não fosse do hospital. Não, não era do
hospital, era apenas a Alice.
-
Oi Alice. – atendi ao telefone sem muita vontade, já não bastava ter que
atura-la todo o dia no hospital e ela ainda me ligava.
-
Oi maninho. – disse rindo do outro
lado da linha. Sim, Alice era minha irmã mais nova, e era uma das residentes do
meu grupo, eu tenho uma sorte. – Como
está o meu irmão favorito? –
- Eu sou o seu único irmão, Alice. E você
sabe como eu estou, ficou grudada comigo por 48h seguidas, então pula a
bajulação e fala logo o que quer. –
-
Bajulação? Eu só liguei para saber como
está e... –
- O que quer? – cortei logo.
- Preciso que vá ao centro
comigo amanhã, resolver umas coisinhas. Tenho que comprar o presente de
aniversário da mamãe e preciso que você me ajude a escolher, até porque você
também é filho dela. – revirei
os olhos.
-
Que horas? –
- Às 10h naquele Starbucks
perto do Maggie Daley Park. –
-
Tá, eu deixo as meninas na casa da mamãe e te encontro ai. –
-
Tudo bem, obrigada, maninho, te amo. –
- Também te amo. – desliguei o telefone.
Sim,
é estranho o fato de que Alice é minha irmã e que é uma residente no hospital
que eu trabalho e bem no meu grupo, eu sei, eu tentei conversar com o diretor
do hospital, que por ironia do destino, é meu pai. Sim, toda a minha família é
ligada a medicina e todo mundo trabalha no mesmo hospital, o que às vezes não
era nada bom, principalmente com Alice. Eu tinha medo de gritar com Alice e ela
correr para o colo da mamãe, mas se eu não a tratasse igual ao jeito que eu
tratava os outros eles iriam reclamar com o diretor do hospital, então era bem
complicado.
Desliguei
a televisão e conferi se toda a casa estava trancada, liguei o alarme,
verifiquei se tinha comida e água para os cães e se a portinha de cachorro
estava aberta e segui para o andar de cima, peguei na gaveta da mesa de
cabeceira ao lado da cama um frasco de remédio, meu remédio para dormir. Eu só
conseguia dormir sem ele se estivesse realmente muito cansado, o que não era o
caso, peguei dois e os engoli com um gole d’água e me deitei na cama, eu tomava
remédio desde que Tanya morreu, e desde esse dia eu tinha pesadelos com a morte
dela, e isso era horrível. A inconsciência chegou e me abraçou rapidamente e eu
pude dormir, sem sonhos e sem pesadelos, tranquilamente.
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