quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Epílogo.


Roma - Italia.
18 dicembre 2022
20h.
Pov. Edward

Dois anos haviam se passado desde que o dia em que Bella chegou a nossa casa falando que havia recebido uma proposta de emprego na Coreia do Norte. A conversa acabou com ela pedindo um tempo e falando que iria aceitar a proposta e eu saindo de casa e parando no restaurante de Emmett, onde ele quase deu uma porrada para que eu tomasse vergonha na cara e fosse atrás de Isabella no aeroporto e eu fui, conseguindo chegar até a pista de pouso onde eu quase me pus de joelhos aos seus pés, e faria de muito bom grado para tê-la de volta.


Flashback on

– Pelo amor de Deus não vai. – pedi. – Eu sou um completo idiota, eu precisei basicamente quase perder você para perceber a imbecilidade que estou cometendo ao te deixar ir embora. Eu não quero que vá embora. Eu quero ficar com você, para sempre, até virarmos dois velhos caquéticos em um asilo, com mil filhos, dois mil netos e um milhão de bisnetos. Então, eu te pergunto, mesmo sabendo que a resposta que eu deveria receber era não... Quer se casar comigo? -

Isabella ficou me encarando por alguns segundos que pareceram uma eternidade, uma longa eternidade. O avião ainda estava sendo abastecido e as pessoas ainda estavam embarcando e nós dois parados no meio da pista e ela não me respondia, apenas continuava com os braços cruzados e me encarando sem falar absolutamente nada. Eu estava disposto a me ajoelhar no chão e implorar se fosse necessário.

- Por que resolveu isso agora? – perguntou depois de alguns segundos. – Só para eu não ir embora ou...? –

- Quando eu saí da nossa casa, eu acabei parando no restaurante de Emmett, onde eu e ele conversamos um pouco e ele me fez ver o que eu iria perder caso você entre nesse avião. –

- E? –

- E eu precisei levar uma surra com palavras para perceber a burrice que estava cometendo. –

- Edward... Eu não quero que fique comigo pelo que Emmett lhe disse. –

- Eu sei... –

- Eu te falei meus termos para manter esse relacionamento e não ir nessa viagem... –

- Eu sei... – repeti.

- E você disse que não estava pronto para isso. Ao contrário, me acusou de coloca-lo contra a parede... Reclamou que não podia dar esse passo sem se realizar profissionalmente, sabendo que isso pode não chegar. Você disse que não tinha uma posição e saiu de casa... –

- Sim. E eu percebi o maldito erro que estava cometendo por estar colocando minha carreira, que pode não chegar, acima do que eu sinto por você. Eu falava que não estava pronto para ter filhos, e eu nunca vou estar pronto, eu vou aprendendo com o tempo. Eu tenho medo de fazer as merdas que meu pai fez ao criar Emmett e eu, e é isso o que me apavora, principalmente sabendo que vai ter um serzinho pequeno que vai depender de mim. De nós... –

- Eu não pretendia parir essa criança e sumir e te deixar sozinho com ela... – ironizou.

- Nem a minha mãe... –

- Você precisa entender de uma vez por todas que eu não sou a sua mãe... Eu não sou a sua mãe e nem você é o seu pai. Eu não vou parir duas crianças e fugir de um marido abusivo e deixar meus filhos com ele. Entende isso de uma vez. Por que enquanto você não entender que você não é o seu pai, você não vai seguir em frente com nada na sua vida. – ela gritou para mim. – Você não é seu. Você não vai bater nos seus filhos. Não é só porque o seu pai era assim que você também vai ser. –

- Eu sei que não. Mas eu tenho medo de no futuro ser ou me tornar igual a ele e... –

- Edward... Seu pai virou as armas para você e para o Emmett depois que sua mãe fugiu. Porque antes era a sua mãe que apanhava e vocês não sabiam, depois que ela foi embora que vocês passaram a sofrer com isso. –

- Exatamente. –

- Você nunca levantou a mão para mim. Quer uma prova melhor de que você não é seu pai? Doze anos de relacionamento. Doze anos vivendo juntos sob o mesmo teto. E você nunca levantou a mão para mim. Você. Não. É. O. Seu. Pai. – ela disse pausadamente.

- Bella. Eu sei que estou sendo um puta egoísta ao estar aqui, impedindo que você entre nesse avião e vá para uma promoção incrível. Mas eu preciso de você aqui. Eu preciso de você aqui. Eu te amo mais do que tudo nesse mundo. Então eu vou perguntar de novo. Quer se casar comigo? Por que eu quero me casar com você, eu quero ser seu marido, eu quero ter um casamento com você, quantos filhos você quiser e milhares de fraldas cheias de merda para limpar a cada segundo. – e ela ergueu a sobrancelha com a minha última afirmação. – Quer abrir mão dessa promoção e se casar e construir uma família e que talvez possa ser uma das coisas que você vai se arrepender no futuro? – perguntei e ela mordeu os lábios com os olhos lacrimejando. Bella passou as mãos pelo rosto e subiu-as até os cabelos e puxou com força. – Bella? Quer casar comigo? – e ela começou a balançar a cabeça negando enquanto chorava e eu suspirei derrotado.

Flashback Off.

E quatro anos haviam se passado desde aquele dia. Quatro longos anos. Eu havia voltado para casa, conseguido escrever as três musicas que haviam me pedido e com sorte havia conseguido o trabalho. Demorou mais cerca de um ano para conseguir lançar de um cd que havia agradado a todos, a mim e a gravadora. E como se aquele ano tivesse sido o ano. Algumas músicas do CD estouraram e com o isso o CD foi bastante comprado, tanto o físico quanto nas plataformas digitais e finalmente minha vida começou a melhorar no âmbito profissional.

- Bella para Edward... – e eu ouvi uma risada e pisquei os olhos algumas vezes me situando. – Em qual planeta você estava? – ela entrou em meu campo de visão com Chiara em seu colo.

- Papa... – e minha menininha esticou os braços para mim e eu a peguei no colo.

- Oi princesa... – e eu a ajeitei em meu colo e lhe dei um beijo em sua bochecha. – Desculpa... – e encarei Bella sorrindo. – Estava viajando. – admiti.

- Encarando o prêmio mais uma vez? – questionou e eu olhei mais uma vez para o prêmio de primeiro lugar que havia ganhado no inicio do ano no festival de Sanremo, o que fez com que eu finalmente estourasse no cenário musical italiano. – Vou começar a ficar com ciúmes, daqui a pouco você vai levá-lo para a cama no meu lugar... –

- Nunca. – e eu lhe dei um beijo calmo nos lábios. – Mas para ser sincero, eu estava pensando no dia que você quase foi embora.

- Você tem uma puta sorte por eu amar você. – respondeu sorrindo com a mesma coisa que havia dito antes de aceitar se casar comigo. – E continuar amando. –

- E eu sou o homem mais feliz do mundo por causa disso. – ela se aproximou um mais de mim, apoiando as mãos em meu peito e unindo nossos lábios em um beijo...

- Mamãe... Papai... – cujo beijo foi interrompido rapidamente porque Matteo entrou no quarto com seu pijama que cobria desde as solas de seus pés até seus pulsos e pescoço.

- Oi meu amor... – e Bella pegou nosso menino de três anos no colo. – O que foi? –

- O jogo vai começar... – choramingou fazendo bico.

- Vamos ver o jogo para esse menino ir para a cama... – mal Bella terminou de falar e Matteo fez força para ir para o chão, e assim que seus pezinhos tocaram o chão de madeira, ele tratou de sair correndo para a sala. – Não corre... – Bella o repreendeu.

- Acho que uma garotinha quer dormir... – comentei quando Chiara bocejou o coçou os olhinhos. – Eu a coloco na cama. –

- E eu faço a pipoca. – disse. – Boa noite princesa. – e ela deu um beijo demorado na bochecha de nossa filha e saímos do quarto, ela indo para a cozinha e eu subindo as escadas para o andar de cima da casa.

Mesmo que Chiara coçava os olhos eu não o conseguia fazer dormir. Volta e meia ela coçava os olhos, mas não dormia. E se eu a colocasse no berço, ela ameaçava chorar. Eu já havia conferido se ela estava limpa, eu havia tentado contar uma história para ela, cantar, e tudo o que me passou pela cabeça para conseguir fazê-la dormir sem nenhum sucesso.

- Nada ainda? – Bella perguntou entrando no quarto.

- Não dorme. – dei de ombros com Chiara bem acordada em meus braços.

- Talvez isso aqui ajude... – e ela balançou a mamadeira cheia de leite. – Leite morno, sempre funciona... – estiquei a mão livre e ela me entregou a mamadeira. – Estamos lhe esperando lá embaixo. Os jogadores já estão entrando... –

- Acho que em cinco minutos eu desço... Se por alguma força sobrenatural, sair gol em menos de cinco minutos, manda uma mensagem. – e ela assentiu sorrindo e saiu do quarto. – Vamos mamar um pouquinho, princesa? – eu tirei a tampa da mamadeira e conferi se não estava muito quente, e após me certificar que estava na temperatura certa, eu abaixei a garrafa e ela abocanhou o bico dela e começou a sugar com força.

Em cinco minutos ela havia terminado de beber seu leite morno, arrotado, e dormido como um anjo em meus braços. Com todo o cuidado do mundo eu a deitei no berço para não acorda-la e saí do quarto, pegando o tablet da babá eletrônica e fechando a porta. Desci rápido as escadas para assistir o jogo. A sala estava no escuro, sendo iluminada apenas pela luz da televisão e pelas luzinhas da árvore de natal.

Essa copa havia mudado de data, ao invés de ser feita no meio do ano como de costume, foi transferida para o final devido às altas temperaturas. A casa já estava toda enfeitada para o natal, até porque faltavam em torno de uma semana para o mesmo. Matteo estava sentado no chão, com um pequeno pote com pipocas, sobre um tapete bem felpudo e uma xícara de chocolate quente, e Bella sentada no sofá, com as pernas esticadas e com os pés apoiados na mesinha que estava entre ela e nosso filho. Eu me sentei ao seu lado, colocando os pés junto aos dela e passando uma das mãos pelos seus ombros enquanto a outra eu enfiava na tigela com pipoca pegando um bocado. A sala estava bem aquecida graças à lareira acessa e a televisão marcava seis minutos do primeiro tempo da final da copa do mundo de 2022 – Itália x Alemanha.

Após o vexame de a Itália ter ficado fora da copa de 2018 e da Alemanha ter saído na primeira fase, as duas estavam disputando a final, após Portugal ter ficando em terceiro lugar e a França em quarto. Quem diria que quatro anos eram capazes de mudar o quadro das seleções. Mas bom, quatro anos mudaram completamente a minha vida para a melhor. Bella havia recusado o emprego na Coreia e com isso havia sido demitida, uma coisa que ela pouco se importou, já que em menos de dois meses haviam arrumado um emprego em uma empresa melhor. Eu havia conseguido me dar bem na carreira de cantor e finalmente tivemos nossos dois filhos, e cada um deles vieram com um milhão de fraldas sujas a cada segundo. E eu sinceramente, não poderia estar mais feliz e com certo arrependimento por não ter realizado os feitos de ter me casado e sido pai antes.

Faltavam dez minutos para acabar o jogo. Ele estava empatado em zero a zero. Matteo havia dormido no tapete e nós apenas o colocamos no sofá ao nosso lado. Tudo corria nervosamente para a prorrogação e se continuasse assim para os pênaltis, quando o som de um chorinho soou pela babá eletrônica.

- Você disse que limparia as milhares de fraldas dela... – Bella disse colocando mais um punhado da pipoca na boca.

Sem falar nada, eu me levantei e peguei Matteo no colo. Eu o coloquei em sua cama e o cobri bem, me certificando que o quarto estava bem aquecido e parti para o de Chiara. E sim, era a fralda cheia de merda mais uma vez. Tirei-a do berço a levando até seu trocador e tirando sua roupa de dormir e a fralda cheia. Foi só eu jogar a fralda suja no lixo que eu ouvi os vizinhos gritando e fogos estourando no céu, e só havia um motivo para isso. A Itália virou o jogo e com isso levado a taça mais uma vez depois de dezesseis anos.

Como se soubesse que havia me impedido de ver o gol que deu a taça a seleção, Chiara me encarou sorrindo e eu não pude deixar de retribuir o sorriso e terminar de limpá-la e troca-la. Eu estava completamente feliz. Não porque a Itália havia vencido o campeonato. Mas sim porque eu finalmente ganhei o que eu sempre tive medo de conquistar. Esposa. Filhos. Uma família.

- Vem com o papai, minha princesa... – depois de vesti-la novamente, eu a peguei no colo. – Papai ama muito você, sabia? – perguntei.

- Papa... – e ela disse com a voz baixa e eu beijei sua bochecha e dei um cheirinho em seu pescoço. E principalmente, eu estava feliz por descobrir que eu não era igual ao meu pai. E esse sentimento de prazer e satisfação ninguém iria conseguir tira-lo de mim. Nunca!


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