Roma - Italia.
9 luglio 2018
Pov. Bella
Doze
anos haviam se passado desde a última vez que a Itália havia vencido o mundial.
Nós estávamos nos aproximando da final da copa do mundo de 2018 e dessa vez a
Itália não havia se classificado para a copa na Rússia, tanto que eu e Edward
pouco nos importávamos com os jogos. Sim, eu e Edward ainda estávamos juntos,
firmes e fortes. Doze anos morando juntos, havíamos saído do seu apartamento e
nos mudado para uma casa um pouco mais afastada do centro de Roma. Eu havia
terminado minha faculdade de química e trabalhava em uma empresa de agroquímica
e Edward era um cantor, que ao mesmo tempo em que procurava emplacar um hit ou
conseguir um bom contrato, cantava em bares noturnos.
Não
era uma vida luxuosa, mas não nos faltava nada. E tendo um ao outro era o que
realmente importava. Mas algo estava faltando, eu sentia isso. Doze anos juntos
namorando, eu nunca havia visto um namoro durar tanto tempo. Eu tinha um plano
de vida, e eu não estava seguindo-o. O plano era: Entrar na faculdade de
química, Me formar. Mestrado. Emprego fixo. Casamento e filhos. Eu já tinha 35
anos, já tinha me formado tanto na graduação quanto no mestrado, estava
começando o meu doutorado, já tinha emprego fixo, mas o casamento nada.
Edward
sempre soube do meu plano, sempre soube que eu era louca para me casar e
construir uma família, mas ele não se mexia. Se ele viesse conversar comigo e
explicasse que ele agora não está pronto para se casar, ou entenderia. Mas ele
simplesmente não fala absolutamente nada. Nem uma única palavra, e quando eu
jogava o assunto no ar, eu era completamente ignorada por ele, que fingia não
me ouvir. Era algo frustrante.
Eu
era apaixonada por ele, e queria dar o próximo passo com ele, para mim não
fazia sentido avançar uma etapa sem ele, mas pelo visto ele não pensava o
mesmo. E estava feliz do jeito estagnado que estávamos. Mas eu não.
Eu
estava parada na cama, eram por volta das três da manhã e eu simplesmente não
conseguia dormir. Minhas mãos estavam enlaçadas em cima de minha barriga
enquanto Edward dormia calma e profundamente ao meu lado. Eu não conseguia
fechar os olhos e simplesmente ficava contando os anos que faltavam até que meu
útero se tornasse inútil e gerar uma criança se tornasse algo completamente
impossível. Antes que eu conseguisse sair da cama, Edward se virou na mesma e
passou um braço por cima de meu corpo, se aninhando próximo a mim e deitando a
cabeça no vão do meu pescoço. Eu simplesmente separei minhas mãos e levei uma
delas até a sua cabeça e acariciei seus cabelos enquanto ele dormia
profundamente.
O
resto da madrugada passou e eu não havia conseguido pregar os olhos nem por
meio segundo. O despertador deveria tocar às seis da manhã para anunciar o
horário de me levantar, mas antes mesmo de o relógio virar para seis em ponto,
eu já estava de pé, de banho tomado, pronta para o trabalho e preparando o café
da manhã na cozinha.
-
Bom dia... – Edward disse sonolento depois de entrar na cozinha e enlaçar minha
cintura com as suas mãos e dar um beijo em minha nuca descoberta, já que meu
cabelo estava preso em um coque mal feito e alto.
-
Bom dia. – respondi levando a xícara com café fresco aos lábios.
-
Ainda está cedo para ir para o trabalho... – respondeu colocando a mão debaixo
da minha saia e subindo com ela até o meio de minhas pernas.
-
Não Edward... – e eu tirei a mão dele dali e me afastei, indo para o outro lado
da ilha no meio da cozinha. – Eu estou cansada... – resmunguei bebendo mais um
gole do café, e ele bufou.
-
Eu vou tomar um banho. Tenho uma reunião com uma gravadora daqui a pouco. – e
ele voltou para o andar de cima da pequena casa.
Recentemente
as coisas têm sido assim. Quase não havia mais sexo, pelo menos não com a
frequência que havia no inicio do relacionamento, e não era por falta de
desejo... Era por cansaço mental, principalmente por minha parte. Eu terminei
meu café e após lavar minha xícara eu voltei para o quarto para terminar de me
vestir e às 7:30h, dei um beijo na bochecha de Edward e saí de casa indo para o
trabalho.
(...)
O
final do expediente demorou muito para chegar. O dia havia sido absurdamente
longo e cansativo, e eu estava louca para ir para casa, tomar um bom banho
morno, quem sabe um remédio para dormir, e só acordar no dia seguinte, nem esperaria
Edward chegar em casa. Eu não queria discutir com ele hoje, estava cansada
demais para isso.
-
Isabella... – e meu chefe me chamou quando eu comecei a arrumar minha bolsa
para ir embora.
-
Sim, senhor Crowley? –
-
Minha sala, por favor. – pediu e entrou em sua sala novamente e eu me levantei
da cadeira e fui até ele. – Sente-se. – pediu quando eu fechei a porta atrás de
mim. – Eu tenho uma novidade para lhe contar. –
-
O que? – questionei ao me sentar.
-
O governo norte coreano resolveu abrir uma filial de nossa empresa em
Pyongyang. –
-
Isso é muito bom senhor... Mas o que eu tenho haver com isso? –
-
Você é a nossa melhor química, Isabella. Eu quero lhe dar uma promoção... – e
eu engoli em seco provavelmente já sabendo qual era a promoção. – Chefe da
equipe e meus olhos e ouvidos em Pyongyang... –
-
Mas ai eu teria que me mudar para a Coreia do Norte. – rebatei com o obvio.
-
Exatamente... Por isso resolvi falar com você no final do expediente... Você
está em um relacionamento estável de doze anos, mas para empresa você está
solteira... – assenti. Para empresas só havia dois status de relacionamento –
solteira e casada –. – E eu queria saber o que você acha sobre isso... –
-
Senhor eu estaria mentindo se falasse que não é uma boa oportunidade, porque
é... É uma ótima oportunidade. Mas eu também não posso ignorar que são doze
anos de uma relação estável, para a justiça é quase que casamento... Eu preciso
conversar com o Edward sobre isso. –
-
Vai perder essa oportunidade por causa de um homem? – rebateu.
-
Não é um homem... É o homem... – pelo menos assim eu
esperava.
-
Achei que fosse mais esperta... – comentou baixo.
-
Como disse? –
-
Nada... – e ele me encarou por alguns segundos. – Se aceitar a promoção... – e
ele pegou um envelope na gaveta ao seu lado. – O voo sai às 22h. –
-
Espera... – falei vendo a data e o horário do voo. – O senhor me promove hoje
para ir hoje? –
-
Sim. Quanto mais rápido a pessoa for, melhor... Preciso que me fale até ás... –
e ele olhou seu relógio. – São 17h... Quero a resposta até às 19h. – respondeu
firme. – Se você não aceitar, eu tenho certeza que Jéssica aceita... Ela não
vai perder uma oportunidade dessas por causa de um homem... –
-
É porque ninguém consegue atura-la por mais de dois meses... – rebati tão baixo
que ele nem ouviu. – Eu vou pensar e conversar com ele e antes das 19h, o
senhor terá a sua resposta... –
-
Espero... Pode ir... – e eu assenti e me levantei da cadeira de sua sala e
voltei para o meu pequeno escritório.
Eu
peguei minha bolsa e saí da empresa. Eu tinha que concordar com meu chefe de
que a promoção era ótima e incrível. Tanto pelo fato de que uma promoção sempre
vinha com benefícios, como aumento de salário e tudo mais, e também pelo fato
de que a Coreia do Norte estava abrindo uma filial de uma empresa estrangeira,
algo que, creio eu, nunca vi acontecendo antes.
Eu
perdi meia hora apenas indo para a casa, geralmente eu gastava apenas dez
minutos, mas dessa vez, antes de ir direto para a casa, eu gastei cerca de
vinte minutos sentada no banco de um parque em frente a empresa pensando. Com
toda a certeza do mundo eu não iria ser cogitada para ser promovida se eu
estivesse casada com o Edward, eu tinha a total certeza disso, havia mulheres e
homens mais competentes que eu, que com certeza não foram chamados por serem
casados e com filhos. De solteiros na empresa, apenas Jessica e eu.
Quando
eu finalmente cheguei a casa, Edward estava sentado em seu piano, dedilhando
uma melodia calma que eu não conhecia, mas de ouvir apenas cinco segundos dela,
e lembrando-me das outras que ele escreveu antes, eu já sabia que era linda e
que eu a amaria. Eu apoiei as mãos em seus ombros e dei um beijo em sua
bochecha para avisar que eu já estava em casa.
-
Oi... – e eu me sentei ao seu lado no banco do piano, de costas para o mesmo. –
Como foi seu dia? – perguntou.
-
Tranquilo... – suspirei. – E a reunião com a gravadora? –
-
Talvez eu tenha uma chance... Ele pediu três musicas minhas, novas... –
respondeu animado. – Disse que se ele gostasse delas chamaria alguns
compositores para tentarmos gravar um CD. –
-
Isso é muito bom... Muito bom mesmo... – admiti. – Você está tentando gravar um
com uma boa gravadora a um bom tempo... –
-
Eu sei... – e ele parou de dedilhar a sua musica. – Estava quase desistindo
quando essa reunião apareceu... A verdade é que quem a arrumou foi Emmett... –
-
Como assim? – perguntei.
-
Ele disse que viu o diretor da gravadora no restaurante dele e falou de mim... Ele
disse para eu aparecer lá com uma fita demo... E ele gostou... – respondeu me
encarando.
-
Eu fico muito feliz por você. – fui sincera. – Fico feliz que esteja
conseguindo realizar seu sonho. – e ele me deu um beijo rápido nos lábios.
-
Agora me fala o que está lhe atormentando. – e eu suspirei colocando algumas
mechas atrás de minhas orelhas.
-
Eu quero saber como será agora? –
-
Como assim? –
-
Estamos a doze anos juntos e com nossos sonhos quase que realizados... – e ele
suspirou.
-
E você vai começar de novo... –
-
Eu quero saber qual será nosso próximo passo. O seu próximo passo... – reclamei
quando ele se levantou. – Para de fugir de mim sempre que eu toco nesse
assunto. – gritei com ele quando o mesmo tentou sair de perto de mim. – Você
sempre soube que eu sempre quis me casar e ter filhos. Se não é o que você
quer, então me libera para que eu possa encontrar alguém que comparta dos meus
sonhos. Se não é o que quer, termina comigo. – já era a terceira vez que eu
falava isso para ele, e todas as vezes que isso foi dito, eu senti um medo
absurdo de ele realmente terminar comigo. – Eu amo você. Eu quero dar o próximo
passo com você, mas se você não quer... –
-
Eu amo você, Isabella. –
-
Então se posicione... Doze anos de namoro Edward... Até Emmett já se casou e
tem filhos... – reclamei.
-
Isabella... –
-
Crowley me promoveu hoje... – disse o interrompendo e ele me encarou confuso
com a súbita mudança de assunto. – Chefe de uma equipe e olhos e ouvidos
dele... Na Coreia do Norte. – respondi e vi seus olhos se esbugalharem. – Disse
que como eu sou solteira eu posso muito bem aceitar essa promoção. –
-
Você não é solteira. Temos uma união estável, a justiça já reconhece isso... –
-
Mas a empresa não. Você sabe que só há dois status de relacionamento ali.
Solteira e casada. E enquanto não tiver a porra de um papel, ou uma aliança em
meu dedo, ou o seu sobrenome depois do meu, eu não estou casada e você sabe
disso. –
-
E o que você vai fazer? – perguntou cruzando os braços rentes ao peito.
-
Não sei. – admiti. – Crowley me encarou como se eu fosse louca por abrir mão
dessa promoção por causa de um homem... Mas você nunca foi um homem e sabe disso. Sempre foi o homem. – e ele sorriu torto. – Mas sinceramente... Eu não sei se
vou querer manter esse relacionamento se continuarmos desse jeito. E eu não
estou fazendo pressão... –
-
Claro que não... Imagine... – ironizou. – Você está basicamente me dando um
ultimato. Ou eu me caso com você ou acabou. –
-
Sim, você pode chamar de ultimato. Eu tenho 35 anos Edward... Você não tem um
útero não sabe como isso funciona. Conforme os anos vão se passando e eu vou
ficando mais velha, o meu útero não vai continuar funcionando direito. Se você
não sabe, é quase impossível ter filho depois dos 40. E se eu conseguir depois
dos 40 há diversos riscos tanto para mim e quanto para o bebê. Então sim. Eu
estou lhe dando um ultimato. Não precisa me pedir em casamento aqui e agora,
até porque eu acredito que agora não é o lugar e nem o momento certo para isso.
Eu só preciso que diga que você quer dar o próximo passo comigo logo. Eu quero
que você diga que quer se casar comigo. Que quer construir uma família comigo e
logo. É só o que eu preciso. –
-
Caso contrário? –
-
Eu vou aceitar essa promoção. –
-
Eu preciso pensar... –
-
É assim que você me ama? Ama-me apenas a ponto de querer namorar comigo e nada
mais? – perguntei. – Se é assim porque manteve esse relacionamento por doze
anos, sabendo que eu queria um marido e filhos? –
-
Eu sempre quis me casar e ter filhos com você. Mas eu não sei se está na
hora... –
-
E quando vai ser essa sua hora? A minha já chegou e está quase indo embora... –
-
Você já se realizou profissionalmente e eu não... –
-
Você quer realmente esperar lançar um CD e conseguir fazer sucesso para dar
esse próximo passo? Já pensou que isso pode demorar anos ou que simplesmente
pode não acontecer? E iria ficar me enrolando por tanto tempo assim? Eu quando
conseguisse o sucesso que quer, me trocaria por outra, principalmente depois de
eu ter ficado do seu lado desde que resolveu largar a faculdade de medicina
para seguir seu sonho? –
-
Pare de falar besteira, Isabella. Por favor. Eu nunca iria trocar você por
outra. Mas sim, eu quero ter uma condição melhor para poder dar mais um passo
na minha vida. Você sabe que eu detesto o fato de ser basicamente você quem
sustenta toda a casa... –
-
Primeiro, para de ser machista... –
-
Não estou sendo machista. E sim realista. É você quem basicamente sustenta a
casa, você tem um emprego fixo, com um salário fixo e eu não. Eu não quero ter
um filho e deixar você com todas essas despesas, porque filho dá muita despesa,
enquanto eu ganho pouco com as apresentações nos bares noturnos. –
-
Eu não quero que pense que estou indo contra seus sonhos. Mas já pensou que
mesmo você lançando o CD... –
-
Eu não consiga nada? Sim eu já pensei nisso. Penso sempre. E é por isso que
esse CD será a última chance antes de eu aceitar o emprego que meu pai vive
oferecendo... –
-
Mas você precisa entender que isso pode demorar... E eu não tenho tempo. Eu preciso
de uma posição... E preciso dela agora. –
-
Eu não tenho essa posição agora... –
-
É com uma puta dor no coração que eu digo isso... Mas eu acho que preciso de um
tempo. De um longo tempo. – e eu passei as mãos pelo rosto e engoli o bolo que
se formava em minha garganta. – Eu vou ligar para o Crowley e aceitar essa
promoção. Eu vou arrumar as minhas coisas. – e eu me levantei do banquinho de
seu piano.
-
Quando você vai? –
-
O avião parte hoje às 22h. – respondi passando por ele e subindo as escadas
para o andar de cima para o meu quarto. Assim que eu entrei no mesmo, eu ouvi a
porta de baixo se fechando com força e eu senti meus olhos arderem e lacrimejar,
e antes de eu pudesse fazer mais alguma coisa, o meu celular tocou em minha mão.
Era meu chefe. – Sim? –
-
19h... Tem uma resposta? Vai ou não? – e eu respirei e inspirei por alguns
segundos, engolindo o choro enquanto sentia as lágrimas escorrendo pelo meu
rosto.
-
Eu vou. Eu aceito essa promoção. -
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